Vivendo e Aprendendo


"O medo corta mais profundamente do que as espadas." George Martin

A natureza do homem em relação à autoridade

A natureza do homem em relação ao exercício da autoridade e das responsabilidades é a mesma que ele tem em relação a atividade sexual. Foi assim que Deus o constituiu. Se uma mulher seduz um homem, ele naturalmente é atraído por causa da sua natureza. Da mesma maneira, ele naturalmente se responsabiliza e assume a liderança de uma família, de uma equipe ou um serviço quando é necessário.
Agora, se formos avaliar, alguns homens não se sentem atraídos pelas mulheres e em alguns casos não têm prazer ou interesse pela atividade sexual. Que tipo de situações causam esse tipo de comportamento nos homens? Existem diversos motivos, mas dentre eles, podemos ressaltar a rejeição do sexo, rejeição na concepção, a falta de referencial masculino, abuso sexual, abuso físico e o abuso emocional (infância, adolescência ou no próprio casamento).
Não significa que todo homem que passou por estas situações necessariamente não gosta de mulheres ou não têm interesse pela área sexual, e sim o contrário, que a maior parte dos homens que não gosta ou não têm interesse, é porque sofreu com estas realidades. O que não pode-se generalizar.
O que quero dizer com isso? Que um homem que não exerce a autoridade e não assume responsabilidades dentro de casa, não o faz porque de alguma maneira a sua identidade como homem não está alinhada com a natureza pela qual ele foi criado.
Se colocarmos um menino e uma menina com dez anos de idade em uma ilha e os abandonarmos lá sem lhes dar instrução; pelo próprio instinto de necessidade e sobrevivência, eles irão buscar alimento, tomar banho no mar ou em algum rio, e construirão um local para se alojar com o material que encontrarem. Se sentindo responsável, naturalmente o menino criará soluções e orientará a menina como ela deve ajudá-lo. O menino fará o serviço pesado e a menina de acordo com as suas condições, auxiliará carregando as coisas, segurando o material para auxiliá-lo no serviço.
 No entanto, o mais interessante, é que quando eles se tornarem adolescentes, sem nunca terem assistido televisão ou aprendido com alguém, eles passarão a ter atração sexual um pelo outro, e pelo fato de estarem o tempo todo juntos e dependerem um do outro, seus corpos irão se unir no ato sexual, e mesmo sem uma “escola”, eles estarão se relacionando como um casal. Com o tempo, obterão prática e experiência de vida em todos os sentidos.       Como nem tudo se aprende por instinto, o ser humano acaba sofrendo por improvisar em muitas áreas da vida, como na criação dos filhos, por exemplo. Contudo, neste sentido, acontece da mesma forma que com os animais, ninguém os ensina a se reproduzir ou se alimentar, está na natureza/instinto deles.
Alguns homens que não tiveram o pai presente, têm dificuldade de exercer o seu papel, pois não sabem as responsabilidades de um homem. Na verdade, o que cria essa distorção na mente de um homem nestas condições, não é apenas a falta do pai, e sim o fato de ver a mãe, a mulher, exercendo todas as responsabilidades. Como consequência, ele desenvolve dentro dele uma imagem na qual a mulher deve fazer essas atividades. Portanto, quando se casa, para ele é natural que a mulher faça tudo. Entretanto, não são todos os homens que não tiveram pai que criam essa imagem de papéis, pois muitas mulheres colocam o filho para assumir o papel de homem em casa, enquanto outras tratam o filho como um “bebê”. Há alguns casos aonde até tem o pai em casa, mas quem decide e é a autoridade, é a mulher, e ela pode tratar seu filho homem como um “bebê”, independente de ter o pai ou não.
Cada família é um caso isolado. O que precisamos entender é que Deus criou homem e mulher, cada um com seus papéis definidos, e quando esses papéis não são exercidos de acordo com a Palavra de Deus, os filhos criam uma imagem “deformada” ou “distorcida” quanto à sua identidade, suas responsabilidades e papéis.
Como citado anteriormente, mesmo que não se ensine especificamente, o natural é que a pessoa, de acordo com o seu sexo, faça aquilo pela qual foi criada, tanto na questão sexual quanto de papéis. Isso explica que o fato de uma pessoa não estar fazendo a “parte” dela, está relacionada com a distorção da imagem e identidade que ela carrega a respeito de si mesma e das funções referentes ao seu sexo, por causa dos modelos que teve.
Para alguns homens e mulheres que foram abusados sexualmente, a relação sexual é um momento traumático que eles procuram manter distância. Para pessoas que foram abusadas fisicamente, por meio de surras, quando alguém encosta nelas, sentem raiva e podem perder o controle. Para pessoas que foram abusadas emocionalmente, por meio de palavras de condenação e críticas constantes, negligência de afeto e “agressão verbal nos momentos em que cometeu erros acidentais”, o medo atormenta, e a imagem que carregam de si mesmas costumam mantê-las em uma prisão.
Um filho que vê o pai batendo na mãe ou nos irmãos com violência, agredindo verbalmente; ou a mãe gritando com o pai, promete a si mesmo que nunca será como o pai ou nunca desejará uma esposa como a mãe. Como consequência dessas situações, muitas pessoas, mesmo casadas, se anulam do seu papel para não ter de enfrentar as mesmas circunstâncias traumáticas que viveram no passado, considerando melhor não fazer nada, do que fazer e ser ferido ou repetir aquilo que seus pais fizeram e ferir alguém. Muitos guardam raiva dos pais e por reterem o perdão, quando menos percebem, repetem as mesmas atitudes e hábitos que tanto repudiavam e julgavam nos pais. Para se liberar disso, é preciso perdoar os pais por aquilo que fizeram, abrir mão do desejo de vingança e justiça, entregando tudo na cruz.
Mesmo que uma pessoa tenha tido uma formação equilibrada, tenha sua identidade bem definida, uma imagem clara dos papéis de homem e mulher; ao se casar com uma pessoa com problemas emocionais ou disfunções de responsabilidades, a pessoa com problemas, poderá por meio das suas palavras e atitudes, transferir tudo aquilo que recebeu no passado para dentro do casamento e do coração do seu parceiro, criando nele(a) uma imagem de uma pessoa “inútil”, “incompetente” ou outras características que podem ser expressas por meio de palavras e atitudes. Podemos chamar de “transferência de sementes”. Estas vão sendo semeadas, e com o tempo, vão se tornando frutos e esses frutos poderão levar à pessoa à desistência.
O parceiro se anula e perde completamente o prazer no relacionamento e por fim na família. É mais comum acontecer com os homens, seja no papel de esposo, de pai ou nos serviços do lar. Ele começa a ouvir muitas críticas, passa a criar uma autoimagem baseada naquilo que a esposa fala, e por fim, acredita que é aquilo que ela diz. Com isso, não tem vontade de estar com ela, de conversar, de expressar amor e carinho. No entanto, isso acontece apenas em casa; no trabalho e com os amigos, ele tem disposição e faz tudo com muita dedicação. Então a esposa reclama: - ele só quer trabalhar, só quer estar com os amigos; não quer ficar em casa, não passa tempo com os filhos, não me ama, não ajuda com nada em casa. Seria até estranho se ele quisesse ficar em casa com uma pessoa que faz ele se sentir “tão bem” através daquilo que fala e faz. Contudo, esta não é a realidade de todas as famílias, como citamos antes, cada família é um caso e deve ser avaliado.
Para que uma pessoa exerça seu papel, no caso de buscar a restauração, é necessário avaliar alguns fatores influenciadores: a) Como a família em que cresceu era constituída, quem era a autoridade no lar, quais as responsabilidades do homem e da mulher; b) Qual a imagem pessoal e identidade desenvolvida durante a vida; c) Sofreu algum tipo de abuso ou trauma que possa ter influenciado na disposição de assumir responsabilidades ou ter prazer por determinadas atividades; d) Qual a imagem que criou de si mesmo com base no que o cônjuge expressa por meio de palavras e atitudes; e) O que pensa ser sua responsabilidade em casa; f) O que o cônjuge faz que não é responsabilidade dele(a) por iniciativa própria sem ser seu papel ou faz porque “eu” negligencio; g) Tem prazer de ir para casa após o trabalho ou as atividades; se sim, porque; se não, porque.
Grande parte das famílias carrega uma herança na qual o papel do homem é apenas trabalhar para sustentar a família, sem ter participação em casa, fazendo com que a mulher e os filhos sofram, pois precisam mais do pai do que apenas o sustento que ele pode proporcionar, precisam da presença dele.
A sociedade moderna tem feito com que a mulher, por estar frustrada com essa condição, entre em um extremo que tem desestruturado completamente as famílias. Não se trata de culpar o homem ou a mulher, mas sim de reeducar as nossas famílias de acordo com as instruções que Deus nos deixou.
O homem é responsável pela provisão do lar, todavia, a sua presença em casa com a esposa e os filhos, é essencial para o crescimento e desenvolvimento saudável. A família é uma equipe e os membros são interdependentes. Nenhuma família é perfeita ou completamente funcional. Toda família possui suas divergências e está em construção e transformação contínua. Na terra, a nossa primeira prioridade é a família, e é das nossas responsabilidades dentro dela que prestaremos contas. Se vivermos de acordo com o padrão de Deus contido no manual, a Bíblia, desfrutaremos plenamente daquilo que Ele preparou no seu plano inicial para a humanidade.


Não é preciso

Não é preciso ser feio
Para não se aceitar
Não é preciso passar necessidade
Para não ter contentamento

Não é preciso ser rejeitado
Para não se sentir amado e aceito
Não é preciso ser ignorante
Para não se sentir capaz ou inteligente

Não é preciso ter problemas para sofrer
A nossa visão é reflexo do nosso interior
Portanto é preciso disciplinar o coração e a mente
Para não ser enganado por si mesmo duramente


Você se sente um “lixo” ou uma “joia”? Exala “perfume” ou “veneno”?

O que faz com que um recipiente seja considerado uma lixeira, ou um baú seja considerado um tesouro, não são apenas as suas respectivas aparências externas, e sim a função que lhes damos de acordo com aquilo que colocamos dentro destes recipientes.
Se uma lixeira for personalizada, por exemplo, e alguém desejar guardar joias ali dentro, ela se tornará um “porta-joias”. Se alguém desejar usar um baú para colocar o lixo reciclável, ele será considerado uma “lixeira”. Um vidro de perfume é chamado de perfume por causa do seu conteúdo. Se substituirmos o perfume por veneno, mesmo que olhando externamente não saibamos discernir o que tem dentro, na hora de espirrar o conteúdo ficará claro o que tem lá dentro.
O mesmo acontece conosco, seres humanos, independente da nossa aparência externa ou aquilo que parecemos ser, somos aquilo que guardarmos dentro de nós. Olhando desta perspectiva, é importante cuidarmos com aquilo que nós colocamos e com aquilo que deixamos as pessoas colocarem dentro de nós, pois tudo o que entra, de alguma maneira, também irá sair.
Muitas vezes nos preocupamos muito com aquilo que as pessoas colocam em nós, no entanto, não cuidamos com aquilo que nós colocamos nelas. É sempre mais fácil olharmos para o nosso lado. Através das nossas palavras e atitudes podemos fazer uma pessoa se sentir um “lixo” ou uma “joia”.
Portanto, vamos avaliar algumas das circunstâncias presentes no nosso dia a dia que podem fazer com que coisas “entrem” dentro de nós e dependendo da maneira que lidamos com elas, estaremos compartilhando estes “lixos”, estas “joias” ou “exalando perfume” a quem está ao nosso redor.
Primeiramente é interessante respondermos uma pergunta: - quem eu sou? Dependendo da nossa resposta interior, significará se deixamos ou não, as pessoas determinarem quem somos de acordo com o que falam ou fazem. Se damos autoridade para as pessoas dizerem quem somos com base em uma situação isolada, como por exemplo: deixo um objeto cair no chão e alguém diz que eu sou um desastrado. Em geral, ficamos com raiva pelo comentário. Realmente foi cometido um erro, contudo, da maneira que a pessoa falou, pareceu que estava afirmando que eu sou um “erro”, um desastre, que tudo o que coloco as mãos é destruído. O que não significa que a intenção da pessoa fosse me transmitir essa “mensagem”, isso foi o que eu recebi e compreendi.
Independente da intenção dos outros, não temos controle sobre as pessoas e aquilo que elas nos falam, portanto cabe a nós lidar com aquilo que recebemos. Neste caso do objeto, ao invés de ficarmos com raiva, deveríamos parar e pensar: - eu sou um erro? Sempre estrago tudo? A resposta provavelmente será não, todavia, ocasionalmente cometermos erros, somos humanos e estamos sujeitos a isso.
Quando erramos, mesmo que seja um acidente, é necessário pedirmos desculpa ou perdão para a pessoa que foi lesada pelo nosso erro. Se for um objeto, precisamos fazer a restituição. Só que geralmente, mesmo que sejamos o responsável, ficamos magoados com a maneira que as pessoas nos tratam, muitas vezes sentimos que as pessoas dão mais valor para “coisas” do que para os nossos sentimentos. Entretanto, isso é algo que está guardado dentro do nosso coração, pois dificilmente uma pessoa que nos ama ou alguém em plena consciência tem a intenção de fazer o outro se sentir um “erro” ou um “lixo”.
Suponhamos que um homem leve a mulher para comer um sorvete ou comprar um presente, digamos que ela escolha determinado produto e ele diz que é muito caro. Se a mulher não tem sua identidade e seu valor pessoal bem definidos, quando ela ouvir que é muito caro, ela não vai interpretar a resposta dele como se o produto fosse caro, e sim que ela não vale “aquele valor” do produto. Obviamente isso não é uma verdade e ele jamais teria essa intenção, no entanto, é isso que ela interpreta por causa daquilo que vem guardando dentro do seu coração.
Existem diversas “portas” de entrada para o nosso “interior”, que são: os nossos ouvidos, olhos, mãos, boca, nariz e a nossa mente. A maneira que administramos estas “portas” determina o que há dentro do nosso coração e da nossa alma, comprometendo aquilo que compartilhamos também.
Os nossos ouvidos se tratam daquilo que ouvimos e como processamos. Se no momento que alguém nos fere, não temos o hábito de perdoar, abrir mão do nosso direito e justiça pessoal para reconciliar, com o tempo vamos nos tornando amargurados.
A maior parte do “veneno” que guardamos foi colocado na infância e nesta fase dificilmente uma criança sabe lidar com as ofensas. Aquilo que acontece nos primeiros anos de vida determina a imagem pessoal e a identidade de uma pessoa. Essas informações são transmitidas principalmente pelos pais e carregadas durante toda a vida, sejam positivas ou negativas. Se forem positivas, a pessoa desfrutará e enfrentará a vida com saúde emocional. Se forem negativas, a pessoa lutará intensamente nos seus pensamentos e sentimentos, tendo reações estranhas diante de fatos insignificantes, mas que para ela, significam muito. Ela interpreta tudo pelo lado pessoal e tem dificuldade de passar por adversidades, receber críticas ou até mesmo conselhos. Mesmo que ela seja amada e aceita pelas pessoas, ela não consegue receber e desfrutar desse amor e aceitação, pois criou uma proteção para não ser ferida, que impede também que receba o amor.
A única solução para esta pessoa é perdoar quem gerou isso dentro dela, recebendo a cura e permitindo que o Espírito Santo traga a revelação da verdade a respeito do seu valor pessoal e identidade, substituindo aquilo que os pais ou as pessoas afirmaram.
Através dos nossos olhos, criamos padrões e modelos, necessidades e desejos, com base naquilo que a mídia e a sociedade nos apresentam. Os nossos olhos são a porta para o nosso interior. Eles são o nosso principal contato com o mundo exterior. Quando vemos um alimento saboroso, podemos despertar a fome. Quando vemos uma pessoa atraente ou interessante, podemos despertar o interesse. Quando vemos uma piscina em um dia de calor, podemos ficar com desejo de tomar um banho. Quando vemos uma propaganda, despertamos o desejo de consumo. É através daquilo que vemos, que construímos a nossa individualidade e estilo pessoal.
As nossas mãos servem para realizarmos nossas atividades e tocarmos as pessoas, expressando também amor e carinho. O nariz serve para sentirmos o cheiro das coisas, podendo despertar desejos e ajudar na localização.
A boca serve como canal para introduzirmos os alimentos para dentro do organismo e também para falar. Os outros sentidos trabalham mais espontaneamente, se não quisermos ouvir ou sentir cheiros, precisamos fechar os ouvidos e o nariz. Já a boca temos mais controle, ninguém empurra comida para dentro de nós, temos a escolha de ingerir ou não. Deveria funcionar da mesma maneira com aquilo que falamos, mas infelizmente fizemos das nossas palavras, algo tão espontâneo quanto sentir um cheiro, e como consequência, falamos o que não deveríamos e as vezes ferimos as pessoas.
Quando alguém nos fala algo, de certa forma podemos chamar as palavras de “alimento”. É nossa escolha aceitar aquilo que nos falam como uma verdade ou rejeitar, assim como escolhemos o que vamos comer. O que “comermos” comprometerá a nossa digestão e bem-estar. Se vermos que não é saudável para o nosso corpo, cabe a nós escolher.
Muitas vezes, queremos comer algo que estamos com muito desejo, mesmo sabendo das consequências que teremos depois. Sabemos que aquilo que ouvimos nos fará mal, e ao invés de perdoarmos ou consertamos a situação, deixamos a raiva entrar e se instalar, queremos fazer justiça, queremos que a outra pessoa sofra as consequências, mas quem sofre somos nós mesmos. É impossível eu comer algo e esperar que alguém sofra indigestão com o que eu comi.
A nossa mente é uma parte muito complexa. Criamos nela muitas imagens e situações, seja da imagem que as pessoas tem de nós, seja da imagem precipitada que criamos das pessoas e da gravidade que agregamos à situações simples que nem poderiam ser chamadas de problemas. Criamos um “mundo paralelo”; muitas vezes fazemos dele uma realidade e acabamos sofrendo por estarmos vivendo nessa realidade. No entanto, não é uma verdade, não faz sentido, mas mesmo que tudo mostre o contrário, fazemos dele a nossa verdade.
O principal problema disso é que quando ele existe somente na nossa mente, de tanto acreditarmos nessa mentira, trazemos isso do “mundo paralelo” e o transformamos na realidade. Com isso, afetamos as pessoas ao nosso redor, principalmente a família e fazendo todos viverem essa mentira como se fosse uma verdade.
Todas as pessoas, que não têm deficiências, possuem essas “portas” para se comunicarem com o mundo físico, a natureza e as pessoas. Todas essas portas são uma bênção que recebemos de Deus e nos capacita a crescer, nos desenvolver, nos relacionar, amarmos e sermos amados. Todavia, é a maneira pela qual usamos cada um destes sentidos e funções, que determinará como viveremos a nossa vida. Podemos destruir a nossa própria vida e também das pessoas que vivem perto de nós.
Se somos como um vidro e sabemos que temos guardado “veneno” ao invés de “perfume”, precisamos procurar ajuda e nos livrar desse “veneno”. Precisamos reconhecer que ele está dentro de nós. Como percebemos que temos “veneno”? Observando aquilo que sai quando é “apertado”. As nossas reações mostram aquilo que guardamos dentro do coração. Mesmo que tentamos nos convencer de que são as “apertadas” que geram o “veneno”, ou seja, que reagimos assim porque alguém nos induziu a isso, sabemos que é uma mentira. Durante a vida, todo mundo é apertado em uma hora ou outra. Contudo, independente da apertada e da intenção de quem está apertando, é o que contém dentro do recipiente que determinará a reação. A mesma apertada pode expelir veneno ou perfume, depende apenas do conteúdo do vidro. Isso explica porque a pessoa sábia gosta quando dizem que ela está errada ou a corrigem. Explica também porque o tolo não gosta de ser corrigido.
Podemos dizer que a pessoa que carrega “veneno” é “reativa” e a que carrega “perfume” é “proativa”. A pessoa reativa não tem controle sobre as suas palavras e atitudes. Tudo o que ouve mexe no “veneno” que está lá dentro e qualquer chance de expelir será aproveitada. Independente da apertada, tudo o que ela tem a expelir é “veneno”, seja um fato grave ou simples, a reação será negativa. Já a pessoa proativa olha tudo de outra perspectiva, ela sabe que quando alguém “aperta seu recipiente” é porque conhece o seu potencial e o “perfume” que tem lá dentro. Ela compreende que se alguém aperta é porque quer sentir o cheiro do seu perfume e usá-lo de alguma maneira. Esta pessoa tem entendimento do fato de Deus corrigir quem Ele ama. Ele não aperta (corrige) para ferir ou condenar, e sim para que o “perfume” que Ele colocou seja usado.
Se o inimigo conseguiu acabar com todo o perfume e substituir por veneno, usando mentiras a respeito do valor pessoal e da identidade, Deus quer limpar o vidro e colocar de volta a essência do perfume de Cristo. Enquanto a pessoa “reativa” entende a correção de Deus como rejeição, a pessoa “proativa” sabe o quanto Deus a ama, mesmo que a corrija e a prive de algo que ela gosta.
As nossas atitudes e palavras refletem o estado do nosso coração. Muitas vezes só exalamos “perfume” para as pessoas que fazem com que nos sintamos com valor e exalamos “veneno” para outras que consideramos culpadas dos nossos problemas. Sempre que expelimos “veneno” rompemos nossa comunhão com Deus. Ele diz que se não amamos quem vemos, como podemos amar a Ele que não vemos? Ele sabe o que está dentro do nosso coração e como isso foi parar lá. Sabe que fomos vítimas também. Entretanto, não quer que nos conformemos nesta situação de vítima e vamos matando a nós e outros aos poucos com o “veneno”. Por isso Jesus morreu na cruz, para nos conceder o poder de perdoar assim como Ele nos perdoou. Através do perdão e quebrantamento, nos livramos de todo o “veneno”, e deixamos Deus nos encher com o Seu perfume agradável. Ele nos ama tanto e quer que vivamos em paz e comunhão, não apenas com Ele, mas também com os nossos irmãos. Fomos criados para viver em corpo e alimentar a alma uns dos outros com o amor que recebemos do Pai.
O fato de nos sentirmos um “lixo” ou um “tesouro”, de exalarmos “perfume” ou “veneno”, não depende do que os outros nos falam ou fazem, mas daquilo que deixamos entrar dentro de nós. Podemos receber as coisas e processá-las. Se forem construtivas, corretivas e verdadeiras, deixamos entrar, nos abençoando. Se forem negativas, sem propósito de restauração e sim de ofensa, não aceitamos e colocamos para fora. Não com atitude reativa, mas proativa. A nossa reação não depende do “lixo” e do “veneno” que jogam em nós, mas do “tesouro” e do “perfume” que guardamos no nosso interior.
Para vivermos em paz com as pessoas ao nosso redor, é fundamental que sejamos sensíveis e tenhamos empatia quanto àquilo que elas carregam dentro dos seus recipientes. Entendendo que se alguém carrega “veneno” e se sente um “lixo”, quanto mais coisas negativas forem lançadas contra essa vida, pior ficará a sua situação. Nosso desafio é nos encher de joias e exalarmos perfume, auxiliando cada pessoa ao nosso redor a se livrar de todo o “lixo” e “veneno”. Isso foi o que Jesus nos chamou a fazer como seus discípulos.
É muito fácil exalarmos “perfume” quando queremos parecer agradáveis e prestativos, principalmente com pessoas que não nos conhecem muito bem. Mas não são estes casos que determinam nossa verdadeira situação. Aquilo que carregamos dentro de nós se revela principalmente quando estamos a sós com as pessoas mais próximas, aquelas com quem temos liberdade para nos expressar. Podemos pensar que as tratamos assim por causa daquilo que elas produziram dentro de nós, mas se sondarmos profundamente nossas lembranças, estamos colhendo também aquilo que semeamos dentro delas. Portanto precisamos nos limpar primeiro e depois limpar aquilo que fizemos com as pessoas próximas. Não basta apenas limparmos nós mesmos; se deixamos as coisas ruins de dentro de nós se instalarem dentro das pessoas que amamos, precisamos pedir perdão a elas para arrancarmos essas sementes malignas, caso contrário, colheremos os frutos amargos constantemente.
Deus tem o “pano” e o “produto” para limpar cada recipiente, que se chamam perdão e arrependimento. A única pessoa que pode usá-los é aquela que aceita se humilhar e renunciar sua mentalidade de ter direito, o seu egoísmo, achando que é a vítima. Quem está por trás de todo o “lixo” e “veneno” é satanás. Ele veio para matar, roubar e destruir. Enquanto enxergarmos as pessoas como o inimigo, lutaremos contra elas e destruiremos os nossos relacionamentos. Quando entendermos que todos são vítimas, mas é o inimigo quem distorce as coisas, principalmente nos nossos sentimentos e pensamentos, passamos a discernir a voz de Deus e a voz do inimigo na nossa mente, defendendo as pessoas e resolvendo os conflitos com sabedoria. Assim nos sentiremos como um tesouro para o Pai e às pessoas, e poderemos exalar sempre o perfume de Cristo.


Conservadorismo, espiritualidade ou o coração, o que agrada mais a Deus?

Cresci rodeada por cristãos que defendiam o conservadorismo, outros que defendiam a espiritualidade, e outros ainda, que afirmavam que Deus quer apenas o nosso coração. Os conservadores pregavam que o caráter é o fator mais importante e que a espiritualidade é algo inconstante. Já os “espirituais”, focavam muito nos dons e na manifestação do Espírito Santo, enquanto que o caráter, era deixado um pouco ou completamente de lado. Os que enfatizavam o coração, em geral, ignoravam todo o resto e pregavam uma vida bastante liberal, mas com Cristo fazendo parte dela, chamando os demais de “religiosos”.
Com o tempo, foram surgindo novas ondas e maneiras diferentes de interpretar o que Deus espera de nós. Algo que percebi, foi que sempre que algo novo surgia, os primeiros discursos simplesmente criticavam os métodos de todos os anteriores, como se apenas este novo estivesse correto e sendo aprovado por Deus.
Com exceção de alguns extremos que se apresentavam, como a teologia da prosperidade, a maior parte dos métodos e estratégias que os ministérios utilizavam, me pareciam bastante convincentes ao apresentarem na Palavra, os textos que defendiam as suas ideias, crenças e costumes.
Não vou dizer que eu não era uma pessoa crítica. Contudo, minha intenção ao observar tudo isso, não era estabelecer quem estava certo e quem estava errado. Meu propósito era aprender diversas posições diferentes, com o intuito de encontrar um equilíbrio diante de tudo o que Deus revelava às pessoas; tal que, me auxiliasse a saber como deveria conduzir a minha própria vida.
Em diversos momentos, admito que fiquei confusa e sem saber o que deveria pensar. O que costumava fazer, era observar na prática, quais os ensinos que realmente tinham aplicabilidade para a vida diária, e não apenas conceitos distantes para serem usados na igreja. Portanto, observava como era a vida das pessoas no meio familiar e no meio social, para conseguir identificar qual “filosofia” eu deveria seguir.
Meu conflito e meu desejo, era saber de qual lado Deus estava, se Deus estava de algum lado e de outros não. Todos os métodos tinham seus lados positivos e negativos. Alguns conservadores ignoravam completamente a atuação do Espírito Santo e obedeciam a Palavra pela sua própria capacidade humana, tornando-se autossuficientes. Muitos “espirituais” que conheci, viviam apenas da manifestação dos dons; contudo, na vida pessoal, não desfrutavam de nada daquilo. E muitos daqueles que afirmavam ter o coração nas mãos de Deus, viviam escravos do pecado, o que era contraditório.
Conheci poucas pessoas que eu pudesse olhar e desejar – eu quero viver assim. O estilo de vida que mais me agradava e que parecia ser mais constante, era o dos conservadores. No entanto, com o tempo, comecei a perceber que eu precisava do Espirito Santo, não bastava eu simplesmente obedecer princípios e fazer as coisas do meu jeito. Faltava algo a mais no meu interior, e eu sabia que essa falta se tratava da necessidade do Espírito Santo para me suprir e conduzir, de maneira real e pessoal.
Portanto, ocorreram algumas situações na minha vida que me desestabilizaram completamente. Perdi o total controle e passei a ser conduzida nessa jornada para poder cumprir o propósito que Deus tinha. Neste momento, aquilo que as pessoas pensavam e ensinavam já não era mais suficiente. Eu precisava aprender a me relacionar com Deus diretamente e não apenas ter pessoas intermediando e me ensinando.
Minha mente e minha razão entraram em uma completa confusão. Todas as verdades que eu tinha, pensando sempre que eram os pensamentos de Deus a respeito de tudo, foram sendo confrontadas até que minha xícara ficou vazia. Eu não tinha certeza de mais nada, exceto dos princípios imutáveis e literais da Palavra.
No meio disso tudo, perguntei a Deus o que Ele queria de mim. No que eu deveria acreditar? O que eu deveria seguir? O que Ele aprovava ou não? Qual era o pensamento Dele diante disso tudo? Em qual lado Ele estava?
 Uma das coisas que Ele me ensinou, foi que todos estamos em um processo, em uma jornada espiritual. Isso não quer dizer que uns estejam certos e outros errados, tampouco que Ele esteja com alguns e com outros não. Ele está nas pessoas e não em métodos ou filosofias. Isso significa que uma igreja pode ter várias heresias, e pessoas lá dentro podem ter uma relação profunda com Deus. Ele vai se revelando e ensinando, de acordo com a maturidade que temos para aceitar e compreender, bem como, disposição para se submeter àquilo que Ele tem para revelar. Entretanto, grande parte das pessoas, se conforma a viver em um lugar confortável da jornada, e por isso, podem permanecer estagnadas durante toda a vida.
Quanto ao pensamento conservador, o foco na espiritualidade ou apenas no coração, Deus começou a chamar a minha atenção para diversos homens na Bíblia que ofereceram um altar para Ele. Ele me ensinou que o altar é o modelo que nos deixou, e com isso, me levou a compreender o que Ele espera de mim.
Do que um altar era constituído? De pedras (caráter e fundamentos), de um sacrifício puro (coração) e de fogo para queimar (Espírito Santo). Ou seja, nenhum destes conceitos está errado, cada um deles é uma parte do que Deus espera. É comum ouvirmos críticas de cada tipo de “filosofia” em relação às demais, contudo, não quer dizer que Deus aprova uma ou outra. Ele quer as pessoas.
Não muito tempo atrás, minha vovó, que tem mais de oitenta anos, perguntou-me se uso chapa (dentadura), pois achou que os meus dentes estavam bem alinhados. Obviamente, com vinte e poucos anos de idade, não estaria usando dentadura. No entanto, como ela tem certa limitação de memória, e na época dela não existiam aparelhos para corrigir os dentes, na sua mente, a única explicação que havia para os meus dentes estarem alinhados, era o fato de eu usar chapa. E esse mesmo fato ocorre com muitas pessoas. Como o conhecimento ou experiência de vida se limitam à certa realidade ou época, elas não conseguem enxergar ou cogitar que Deus possa agir ou pensar de maneira diferente do que elas podem compreender ou aceitar. Como resultado disso, existem muitos conflitos, principalmente entre líderes cristãos, para expressar as opiniões e críticas de uns em relações aos outros.
Existe uma diferença imensa entre aquilo que Deus fala e aquilo que podemos interpretar, e estabelecer como padrão. Isso ocorre como resultado de todas as influências que operam sobre as nossas vidas. Cada um de nós, é criado em um meio, sofre influências de todo o tipo e cria conceitos com base nas próprias experiências. Isso explica a convicção que muitas pessoas têm diante de tantas heresias criadas. Cada um de nós costuma ter certeza de que tudo o que pensamos é o que Deus pensa.
Com o tempo, conforme amadurecemos, percebemos que muitos conceitos que criamos, são fruto da nossa limitação e interpretação humana, diante daquilo que o Espírito Santo está nos mostrando. E coisas que considerávamos inegociáveis, deixam de ser tão relevantes. Hoje, ainda sou bastante jovem, e tenho certeza de que daqui alguns anos, olharei para trás, e muitas das minhas perspectivas terão sofrido alterações.
O que Deus deseja é o nosso coração completamente voltado para Ele, para que o Espírito Santo tenha liberdade de avivar o nosso espírito, e assim, o nosso caráter venha a ser transformado à imagem e semelhança do Pai. Pela nossa força, não somos capazes de viver como Cristo, podemos até parecer por fora, mas por dentro, Deus sabe o que nos motiva. A nossa natureza humana não tem conserto, no entanto, através do Espírito, assumimos a natureza de Cristo e nos tornamos seres espirituais que manifestam o amor de Deus.
Ser espiritual não se trata de termos dons, pois os dons pertencem ao Espírito; servem para o Reino e não para o uso pessoal. Tampouco se trata de ter sensações ou emoções que proporcionam paz e alegria passageiras. Ser espiritual é colocar a carne e o ego no altar, deixar o fogo do Espírito queimá-los, ao ponto de a nossa vida não ser mais conduzida pela nossa capacidade humana, e sim pelo Espírito Santo, o único capaz de realizar a vontade do Pai.
Pela sua misericórdia, Deus trouxe entendimento daquilo que Ele espera da minha parte, para poder me proporcionar a vida que Ele planejou desde o princípio. Não bastava eu ter só caráter e dar um bom testemunho, não bastava eu apenas entregar o meu coração, e não bastava o Espírito Santo se mover nos dons, sem a minha submissão na vida pessoal; Ele queria e quer tudo.
Deus deseja nos proporcionar uma vida interior plena, para que ela seja manifesta no exterior. Nossas ações precisam externar que Cristo vive em nós; todavia, Ele precisa estar de verdade e ser suficiente. Não podemos ser como Cristo agindo pela nossa própria força, independentes Dele, atuando como Cristo. Ele deseja que sejamos dependentes e obedientes; e somente desta forma, a vontade do Pai se cumpre ao invés da nossa própria vontade.


O propósito dos relacionamentos amorosos

Existem inúmeros motivos que levam as pessoas a buscarem um parceiro para se relacionar. Dentre eles, pode-se ressaltar a carência emocional e física, apetite sexual, desejo de sair de casa para fugir de conflitos familiares, falta de ocupações, interesse profissional ou financeiro,  busca por aceitação e aprovação.
Pode-se afirmar que todas elas estão relacionadas com necessidades básicas do ser humano. Contudo, mesmo que seja natural que as pessoas as tenham, buscar satisfazer essas necessidades ou desejos em um relacionamento, poderá resultar negativamente.
Cada indivíduo, possui uma história de vida e suas experiências pessoais, e de maneira geral, possuem seus próprios problemas e maneiras distintas de lidar com os mesmos.
Diante desta realidade, percebe-se que pessoas não são, tampouco deveriam ser, meios ou objetos, a serem utilizados para saciar as necessidades de outros. Pessoas possuem sentimentos, se envolvem emocionalmente, e determinadas situações podem desestabilizar um indivíduo completamente.
O propósito de um relacionamento é constituir uma família e não um meio para se buscar satisfação pessoal. Se uma pessoa não tem a intenção de se comprometer com outra com este objetivo, não deve usá-la como um passatempo, ou como um objeto que será utilizado e depois jogado fora.
As necessidades emocionais e físicas, devem ser supridas dentro da família. Entretanto, infelizmente, muitas famílias não têm essa consciência e negligenciam esses cuidados.
Assim sendo, mesmo que uma pessoa não receba o que precisa por parte da sua família, buscar um relacionamento para compensar áreas de carência, poderá causar resultados drásticos. Em razão de ela colocar toda a sua expectativa nessa pessoa que escolheu, poderá requerer muito e nunca se sentir saciada; podendo causar conflitos, e ainda, prejudicar a vida do parceiro ao envolvê-lo em todos os seus problemas.
Nada impede que um relacionamento movido por intenções egoístas resulte em casamento, no entanto, a relação direta entre o casal deste perfil, costuma ser muito conturbada, visto que um buscará saciar o profundo vazio no outro e ambos não terão o que oferecer, pois são "vazios" e carentes de afeto.
Em cada relacionamento que uma pessoa se envolve, parte dela fica com o parceiro; tanto no aspecto físico quanto emocional. Quanto mais uma pessoa se envolve, mais ela se machuca, pois partes dela vão sendo “arrancadas”.
Muitas pessoas chegam em um ponto que desistem de ter um relacionamento. Algumas costumam culpar todas os parceiros que tiveram,  ao passo que outras culpam a si mesmas por todas as suas atitudes e reações exageradas; pensando que é melhor ficarem sozinhas para não atrapalharem a vida de ninguém.
Um dos motivos que explica porque isso tem acontecido, é que muitos princípios que foram estabelecidos para que as pessoas vivessem em família e comunidade, foram sendo negligenciados e esquecidos com o passar dos anos. O amor se esfriou, e o egoísmo assumiu o controle da vida de muitas pessoas; principalmente, dentro das famílias.
Somente quando as pessoas conseguirem voltar a enxergar as outras, em vez de olharem apenas para o próprio umbigo, é que o propósito pelo qual as coisas existem pode voltar ao lugar.
As pessoas, em especial os pais, têm negligenciado suas responsabilidades em casa, e têm investido quase todo o tempo e energia, buscando satisfação e realização pessoal; enquanto as suas famílias, que deveriam ser a prioridade, ficam esquecidas. Como consequência, os filhos se sentem sem valor, um atrapalho, a última prioridade na vida dos pais, e inconscientemente, buscam diversos meios para se sentirem aceitos, valorizados e partes de um meio. Alguns buscam por meio do desempenho acadêmico ou profissional, outros por meio do poder aquisitivo; contudo, a maioria busca nos relacionamentos.
Parte das pessoas que possuem um apetite sexual muito intenso e se recusam a ter um compromisso ou envolvimento emocional, sofreram emocionalmente, foram traídas, ou tiveram seus sentimentos e necessidades ignorados; ao ponto de se fecharem e não deixarem ninguém acessar à sua vida interior. Portanto, optam em satisfazer apenas as necessidades físicas, ignorando a existência de necessidades emocionais; como se nem possuíssem mais sentimentos. Inclusive fazem questão de não mexer nessa área, pois causa dor e sofrimento.
Algumas pessoas têm a tendência de se relacionar com pessoas problemáticas com o desejo de ajudar, demonstrando amor e valorização. Nestes casos, é preciso ter cuidado, pois quando uma pessoa é carente e alguém começa a lhe dar atenção, ou demonstra que se importa com ela, ela pode começar a criar expectativas e sentimentos de gratidão em relação à essa outra pessoa.
Com o tempo, isso pode se tornar paixão e gerar um profundo envolvimento emocional. Contudo, se a pessoa que está “auxiliando” não for prudente e perceber o envolvimento da outra, ela poderá causar um trauma ainda pior, pois ao fazer isso, permitiu que “se enchesse todo um balão de sonhos e depois simplesmente o estourou”. O ideal é ser claro, informando que está sendo apenas um(a)  amigo(a), e que não possui nenhuma intenção de ter um relacionamento. Diante destes casos, se comprometer por pena também não é uma decisão sábia. O cuidado deve ser tomado desde o início, para que a amizade contribua e não prejudique a vida do outro.
A solução para pessoas com problemas emocionais, envolvimento com drogas ou vícios diversos, não é encontrar um namorado(a); pois em geral, o problema se passa com os pais, e transferir isso para outra pessoa poderá saciar a falta por um tempo, mas em longo prazo, poderá piorar a situação.
A mente e o coração humano são muito complexos. Para saber lidar com pessoas, uma das características mais importantes e indispensáveis, é a presença de empatia. Por meio dela é possível se colocar no cenário em que o outro se encontra e procurar a melhor maneira de ajudar, sem causar mais problemas.
Se você busca relacionamentos para satisfazer as necessidades que não são supridas em casa, procure a ajuda de alguém que têm disposição e experiência para auxiliar pessoas que sofrem com problemas emocionais e familiares.
Um relacionamento poderá satisfazer essas faltas temporariamente; todavia, apesar de ser você quem se frustrará no futuro, não se trata apenas de você. Portanto, pense no seu parceiro, ele tem sentimentos e necessidades também. Você está disposto a fazê-lo feliz ou apenas ter as suas expectativas correspondidas?


Como os propósitos foram distorcidos

Desde o princípio, satanás tem trabalho para distorcer o sentido das coisas que Deus cria e também daquelas que Deus capacita o homem a criar, com o intuito de nos beneficiar, e tem usado isso para criar divisão nas famílias, na sociedade e na igreja.
O tribunal, por exemplo, foi criado para que os direitos e deveres sejam respeitados e cumpridos. A lei existe para que cada pessoa saiba até onde pode ir, sem invadir o espaço do próximo. A organização e a limpeza, existem para o bem-estar. A etiqueta e os bons modos, existem para harmonizar as relações. Os radares de trânsito, existem para nos alertar sobre locais de risco e para tomarmos mais cuidado, bem como não causarmos acidentes envolvendo a nós mesmos ou outros veículos. O trabalho existe para contribuir para o crescimento e desenvolvimento da sociedade, gerando renda para as famílias. A casa e o veículo existem para servir às pessoas nas suas necessidades básicas.
Nos dias que correm, as pessoas não buscam mais o tribunal para chegar a um acordo e resolver um conflito, e sim para buscar vingança e punir quem cada um considera “culpado”. Da mesma forma, muitos casais não buscam mais ajuda para tentar consertar o relacionamento e ver o que cada um pode fazer para ajudar o outro, e sim, para lutar e defender os seus direitos, julgando quem está certo e quem está errado.
A lei não existe mais como base para respeito e cidadania, e sim como base para condenação e busca dos próprios direitos egoístas, na qual os próprios deveres são ignorados e poucos se colocam no lugar do próximo.
A etiqueta e os bons modos, viraram base para avaliar quem se comporta de acordo com as normas e quem não se comporta, em razão de enquadrá-las em “tabelas medíocres” ao invés de servirem apenas para proporcionar momentos mais agradáveis e de respeito.
Os radares foram transformados em meios para arrecadar dinheiro e punir quem não obedece as leis de trânsito. As pessoas não andam dentro da velocidade pela segurança pessoal, da família e do próximo, o fazem por causa de um radar; que na verdade também não é o que os preocupa, e sim o dinheiro da multa e os pontos da carteira. A placa diz que a velocidade permitida é 100km/h e as pessoas andam a 130km/h, freiando apenas perto do radar para não serem multadas, sendo que a velocidade existe para garantir a segurança das pessoas.
O trabalho existe para prover tudo o que as pessoas precisam para sobreviver e as empresas desempenharem suas atividades, com o propósito das famílias adquirirem os bens necessários para viver. No entanto, hoje, as pessoas sacrificam a família, a própria saúde e o bem-estar, para dedicarem todas as energias no trabalho, na carreira e no status social.
Muitas vivem para o trabalho ao invés de trabalharem para viver com a família. Muitos filhos não têm mais as mães em casa dando amor, atenção e carinho, em razão de elas desejarem mais dinheiro para comprar roupas, sapatos, bolsas, carros, móveis. No fundo, algumas se preocupam mais com o que as pessoas valorizam e acham delas, do que com as necessidades dos filhos que deveriam ser supridas por elas e pelo pai.
Em alguns casos, algumas mulheres trabalham porque não se sentem valorizadas sendo esposas e mães, contudo, trabalhando, se sentem úteis. O trabalho ou qualquer outra coisa não existe para fazer com que nos sintamos úteis ou com valor. Esse sentimento é um vazio, uma carência que devemos buscar “saciar” no lugar apropriado. Se temos esse vazio, mesmo trabalhando, nunca nos sentiremos realizadas, pois o trabalho não é a solução, é uma fuga. Entretanto, se somos pessoas completas, e trabalhamos para agregar na sociedade, sem negligenciar o papel de esposa e mãe, estamos fazendo do trabalho algo positivo.
A casa deveria ser um lugar para a família ter momentos prazerosos juntos. Todavia, por causa de uma casa maior e de luxo, ao invés de ter tempo para desfrutar com a família de maneira simples e significativa; os relacionamentos são sacrificados, gastando-se tempo para ganhar mais dinheiro ao passo que se vive com descontentamento e frustração pensando no que falta. Tudo isso, como se o fato da casa ser maior, ter um espelho a mais, um sofá mais moderno ou um móvel diferente, fosse mudar alguma coisa.
As crianças querem apenas os pais e a atenção, não querem tantas coisas e não precisam delas. As pessoas adultas também, lá no fundo desejam apenas ser amadas e aceitas, e tudo o que fazem, seja ser um profissional bem-sucedido ou ter muito dinheiro, é para se sentirem aceitas e importantes.
A televisão, a internet e os jogos, viraram a babá das crianças e adolescentes, e de muitos adultos também, criando uma realidade virtual, aonde não se encaram as necessidades e problemas; deixando tudo “para lá” ao invés de resolverem os conflitos e desfrutarem de uma vida plena em família.
O carro também deveria servir basicamente para proporcionar o deslocamento pessoal e da família. No entanto, hoje, representa status, a imagem da pessoa diante da sociedade; agregando o valor pessoal ao carro que se tem. Como se o fato de se ter um carro novo ou de luxo mudasse algo na vida de alguém. “As pessoas vão me respeitar, vão me reconhecer, me valorizar”.
Nós somos tão vazios em essência, que precisamos de um carro para nos sentir bem? Quanto às pessoas, no máximo, o nosso carro vai produzir inveja, descontentamento ou se a pessoa não for vazia, poderá ficar feliz com a nossa conquista. O que não muda nada na nossa vida, tampouco na vida dos outros. Ao pensar ou agir assim, estou concedendo poder às pessoas para determinarem “quem eu sou”, com base no que tenho de bens, algo completamente medíocre e sem sentido.
É interessante como nos desviamos do verdadeiro sentido das coisas. Tudo o que existe para melhorar os relacionamentos, proporcionar momentos de amor, alegria, aprendizado, comunicação e crescimento; sem perceber, usamos para nos afastar das pessoas, e também para machucá-las. Ao invés de nos enchermos de amor e termos empatia; carregamos raiva, vingança, somos egocêntricos e egoístas.
Tudo é medido com base no que se ganha ou se perde, e não no que se pode dar ou contribuir. O que se faz para alguém se sentir amado e aceito?
Aos nossos olhos, até Deus virou o inimigo que faz tudo para nos prejudicar e impedir que os nossos sonhos se realizem. O egoísmo nos deixa cegos. Fazemos nossas escolhas, contudo, não assumimos as consequências e por fim, queremos culpar alguém.
Os princípios de Deus existem para vivermos dentro de uma cerca de proteção e desfrutarmos daquilo que Ele tem para nós, sem sermos roubados ou prejudicados pelo inimigo.
Quando Deus nos corrige e nos repreende, até mesmo quando é duro e tira o nosso chão, é porque está vendo que estamos fora da cerca de proteção que Ele estabeleceu. Enquanto obedecemos os princípios da Palavra, estamos protegidos por Ele, no entanto, quando desobedecemos e saímos deste lugar, damos direito legal para o inimigo nos atacar e prejudicar. Portanto, Deus nos corrige e mostra o erro.
Neste momento, o inimigo trabalha na nossa mente, distorcendo e falando que Deus não nos ama, e por isso está nos rejeitando ou acusando. Todavia, Deus não nos acusa, nem nos condena; Ele condena o pecado, que é o que nos coloca para fora da cerca de proteção. Deus quer nos proteger e nos levar de volta para dentro da cerca.
Costumamos sair da cerca de proteção e sofrer as consequências nas mãos do inimigo. Muitas vezes, pensando que estamos sendo provados, e em outros momentos, culpamos Deus por nos deixar sofrer. Sendo que na verdade, fomos nós que nos colocamos em tal situação e Deus não pode ir contra a Palavra Dele. Se Ele estabeleceu limites para vivermos e escolhemos por livre vontade sair destes limites, o inimigo tem direito legal para nos atacar, e não foi Deus quem concedeu, fomos nós mesmos.
O inimigo conhece a Palavra melhor do que nós, e a respeita; portanto, precisamos alinhar as áreas das nossas vidas que estão fora da cerca e colocarmos tudo debaixo do Senhorio do Pai, submetidos à Sua Palavra. O trabalho do inimigo é nos separar de Deus, nos colocar contra Ele, nos levar para fora da cerca. Seu maior campo de ataque é na mente, e sem perceber, nos submetemos a satanás quando buscamos nos satisfazer e não ouvimos mais a Deus.
O mais grave dessas distorções é o que fazemos com a Palavra de Deus da mesma maneira que os fariseus faziam, deixamos de usar os princípios para ter uma vida aprovada por Deus e sem pecado, agradando Ele de todo o coração e vivendo como Cristo viveu; para a usarmos como escudo para nos defender, e como espada para julgar e condenar os outros.
A lei, como toda a criação, e tudo o que foi desenvolvido, existe para as pessoas. O fato das pessoas viverem para servir à criação, tanto no sentido material, quanto no sentido de se preocupar com a imagem, reputação, viver para ter prestígio e sucesso; sem desfrutar com simplicidade das pequenas coisas valorosas da vida, tem levado à humanidade para caminhos destrutivos.
Todavia, como escolha pessoal, podemos escolher nos voltar para o verdadeiro propósito pela qual estamos aqui, e encontrarmos no Criador a nossa verdadeira identidade, nosso valor e nossa missão.
Só assim podemos sair do sistema na qual o inimigo estabeleceu e tem distorcido tudo, principalmente a imagem de Deus diante do mundo. Só Deus pode nos dar o verdadeiro sentido, no entanto, Ele só o revela a quem verdadeiramente deseja de todo o coração conhecê-lo e se submeter, e não apenas obter benefícios.


O sofrimento nos transforma

Durante quase vinte anos, da janela do meu quarto, era possível desfrutar da maravilhosa vista do pôr do sol. No entanto, enquanto tive essa oportunidade, não dava o devido valor. Deixei de aproveitar muitos momentos que tive para observar e curtir, em razão de estar sempre ocupada.
Há alguns anos, construíram um prédio bem na frente da minha janela, e lamentei o fato de não ter mais acesso à vista. Não cheguei a ficar brava, contudo, pareceu que o meu quarto havia perdido a graça; como se houvesse se tornado uma prisão, perdendo qualquer tipo de “contato” com a natureza.
Da mesma forma que ocorreu neste caso, percebo que acontece em algumas circunstâncias da nossa vida; nos envolvemos com tantas atividades, ocupamos o nosso tempo, e deixamos de aproveitar alguns momentos simples, que fazem ou poderiam fazer toda a diferença.
São tantos compromissos, que acabamos saindo do foco e nos desviando do nosso real propósito. O ativismo envolve os nossos pensamentos, o nosso corpo, e “desativa” os nossos sentimentos; como se fôssemos máquinas e não seres humanos.
Quando o nosso corpo chega em um determinado limite, nos colocamos diante de um cenário, e muitas vezes, conseguimos enxergar apenas em uma direção, o que pode nos levar à uma profunda insatisfação, ou até mesmo, à depressão. Nossa vida perde o sentido, e não temos mais prazer em absolutamente nada.
De certa forma, parece que essa é uma situação ruim. Entretanto, se formos analisar nosso estilo de vida, esta é uma das únicas maneiras que Deus pode agir para nos parar e nos induzir à reflexão, para nos “resgatar”.
Por amor a nós, seres ativistas, Ele permite que as circunstâncias, consequentes das nossas escolhas, nos encaminhem a um lugar, aonde a nossa visão e direção serão transformadas, nossa mente será renovada, nosso espírito será avivado e o nosso coração será curado.
Por muito tempo, a minha visão da janela, contemplava apenas o prédio que me impedia de ver o cenário que eu tinha antes, um cenário que me proporcionava prazer. Minha mente estava focada apenas naquilo que eu havia perdido. O mesmo aconteceu com a minha vida, cheguei à uma situação em que parecia que havia apenas obstáculos, e eles existiam para me impedir de enxergar e alcançar aquilo que desejava.
Uma situação bem semelhante ocorria com o meu notebook, ele possuía um defeito muito peculiar; quando o sistema operacional travava, não adiantava eu apertar qualquer botão, tampouco era possível desligar. A única maneira de desativá-lo e ligá-lo novamente, era, e ainda é, desconectando da energia e removendo a bateria.
Um computador trava, quando a memória ram, não consegue mais processar os dados dos programas que estão sendo utilizados ou quando a máquina sofre um aumento intenso de temperatura. No entanto, o que achei interessante, foi que o meu computador, nunca travava; ele começou a fazer isso apenas quando iniciei um processo pela qual Deus estava me conduzindo, com a intenção de trabalhar algumas áreas da minha vida que estavam sendo negligenciadas, bem como me preparar para o futuro.
O meu tempo era administrado com disciplina, todavia, tudo o que eu fazia, era de acordo com a minha vontade, e da minha maneira. Portanto, num determinado dia em que o meu notebook travou, no momento em que estava removendo a bateria, Deus me disse que a mesma coisa que eu precisava fazer com o computador, Ele precisou fazer comigo diversas vezes, pois era a única maneira de me parar e ter a minha atenção.
Desta forma, Ele conseguia esvaziar a minha “memória”, ou seja, a minha mente, de todas as informações e ocupações que estavam tomando conta do meu tempo, e sendo as minhas prioridades; tais que estavam me conduzindo para uma direção completamente oposta ao que Ele havia planejado para a minha vida.
Nesta mesma época, vivenciei um dia bastante infeliz, na qual havia perdido completamente a vontade de viver. Logo, resolvi deitar na minha cama. A janela estava aberta e começou a chover. Como eu não tinha mais no que pensar, olhei para fora e tive uma surpresa. Ao olhar para fora, da posição em que eu estava, era possível enxergar o céu, árvores, outras casas, e todo um outro cenário que eu não havia percebido antes. Todavia, era em outra direção e não naquela em que sempre estive focada.
Bastava eu mudar a direção em que olhava, e principalmente, a minha posição diante da janela. Eu sempre ficava em pé na frente dela, assim como sempre estive no controle da minha vida. Quando eu não tive mais forças e deitei, para descansar, Deus conseguiu direcionar a minha visão para outro lugar.
Meus planos para o futuro estavam todos esquematizados no que diz respeito à carreira, vida acadêmica e ministério, porém, os planos de Deus eram completamente diferentes dos meus. Enquanto eu estivesse focada no prédio, jamais iria enxergar o que Deus tinha, e por isso, Ele precisou me parar.
A janela apresenta o cenário que temos da vida. O que fazemos com a nossa? Deixamos Deus nos conduzir na sua vontade ou somos autossuficientes e independentes Dele?
O sofrimento, por mais duro que seja, remove de nós toda a sensação de capacidade humana e independência. Nos faz olhar para o nosso interior e descobrir, que na nossa natureza humana não existe nada de proveitoso, apenas subsídios para alimentar o nosso ego.  
Através dos momentos difíceis, paramos de fazer tantas coisas, até mesmo as boas obras; esvaziamos a nossa xícara e passamos a perceber, que a maior parte do que fazemos, fazemos em busca do nosso valor pessoal, aceitação e reconhecimento. Contudo, quando estamos vazios, nos tornamos humildes para receber entendimento da parte de Deus, que aquilo que fazemos, não pode ser impulsionado por este tipo de motivação.
Deus, portanto, nos leva a compreender, que as nossas ações e planos precisam ser dirigidas pelo Espírito Santo, e não pela nossa capacidade, tampouco pela nossa percepção de necessidade. Não somos pessoas boas sem que Deus nos capacite a ser, e se pensamos que somos ou que existe algum tipo de bondade em nós, sem dependermos do Pai, vivemos enganados pelo nosso ego.
A única parte do nosso ser que se comunica com Deus é o nosso espírito. Quando o espírito é avivado, nossas motivações, nosso coração, nossa visão e nossas prioridades, são levadas cativas a Deus, e assim, assumimos a natureza de Cristo, nos tornando aptos a cumprir o nosso chamado.
O sofrimento desligou o meu coração de todas as minhas atividades e sonhos egoístas. Ele me esvaziou do meu senso de capacidade e independência, me preparando para recomeçar a minha vida de acordo com o projeto que o Pai tinha; e que jamais seria cumprido, se eu simplesmente estivesse ocupada com a minha vontade e com os meus planos.
Graças a Deus e às experiências de sofrimento, minha visão da vida, minhas prioridades, meus desejos e sonhos; deixaram de estar direcionadas para o meu umbigo, e se voltaram para o Reino de Deus e às pessoas.
As pessoas precisam desesperadamente do Pai, principalmente daquilo que é eterno e sacia completamente, e não apenas daquilo que podemos oferecer humanamente e de maneira passageira.


Devo satisfazer ou dominar o meu corpo?

Na primeira vez que a minha mãe me levou à ginecologista, após a doutora verificar o meu corpo para ver se estava tudo bem, ela pediu à minha mãe que se retirasse, pois queria conversar comigo sobre a questão sexual.
Neste momento, eu disse a ela que não havia necessidade, pois pretendia ter relações apenas depois de casada e isso iria demorar ainda.
Quando eu falei isso, ela perdeu a compostura e ficou muito nervosa, como se essa ideia fosse absurda e eu estivesse a ofendendo com isso. Eu respeitava a postura dela em relação ao assunto, pois penso que cada um tem o direito de pensar e fazer o que deseja com a própria vida, desde que não leve outros junto com a sua ideia.
Portanto, com muita indignação, ela me explicou que eu não poderia reprimir os desejos do meu corpo, pois isso poderia resultar em doenças e afetar o meu desenvolvimento.
Simplesmente respeitei a posição dela e não falei nada. Contudo, depois fiquei pensando: imagina se todo mundo sair fazendo tudo o que têm vontade, em especial os homens, que são muito mais propensos ao apetite sexual desenfreado.
Em momento algum aquilo mexeu comigo em relação ao propósito que tinha, de esperar para entregar o meu corpo ao meu marido. Meu desejo mais profundo, era pertencer somente a um homem e não interessava o quão ridículo as pessoas pudessem achar isso, se tratava do meu corpo, da minha vida e do meu futuro.
A questão é que isso era muito claro na minha mente e no meu coração, pois meu pai cuidava de mim e não sentia necessidade de buscar fora. No entanto, fiquei pensando em como outras moças, que não tinham essa presença paterna, poderiam interpretar isso que a médica estava falando. É óbvio que ela não quis dizer que eu deveria sair tendo relações sexuais com todo mundo que eu achasse atraente ou me agradasse. Só que aquilo que ela falou, poderia ter gerado uma ideia, de que não satisfazer o meu corpo nas suas vontades, poderia me prejudicar, enquanto que tenho aprendido por meio da Palavra, que devo dominar o meu corpo e fazer dele meu escravo.
Eu preciso cuidar dele no que diz respeito à alimentação, sono, higiene, atividades físicas e ter uma boa aparência. Todavia, o conceito de satisfazê-lo e deixá-lo comandar aquilo que vou fazer, está completamente errado.
A Palavra ensina, que se alguma parte do meu corpo me faz pecar, devo arrancá-la, e isso apresenta o poder que o nosso corpo pode ter, se entregarmos o controle a ele. Significa também, que por meio do nosso corpo, temos contato com o mundo natural, e se não submetermos ele a Cristo, podemos nos perder.
Sempre aprendi que deveria assumir as responsabilidades pelos meus atos, e foi por esse senso, que deixei de fazer muitas coisas que tive vontade. Muitas vezes, quando estamos com o coração amargurado, ou perdemos o sentido da vida em razão de algumas frustrações, saber que algo é errado ou imprudente, não serve para nos impedir de fazê-lo. Entretanto, o senso de responsabilidade, principalmente no que diz respeito à possibilidade de afetar outras pessoas, é um fator que pode nos ajudar a não fazer o que desejamos.
Não podemos desfrutar ou pensar apenas no presente, existe um futuro pela frente, e ele será reflexo das escolhas que fazemos hoje.
Esse é apenas um exemplo, de como conceitos distorcidos, podem influenciar à nossa vida, e neste ponto, entra a importância de se ter uma base familiar sólida e ser suprido emocionalmente.
Esse fato comprova, que a maior parte das tragédias e problemas enfrentados hoje, são resultado da desintegração familiar. Pois a quantidade de famílias divididas e destruídas é proporcional à quantidade de problemas que tem surgido e desestabilizado as pessoas.