Conservadorismo, espiritualidade ou o coração, o que agrada mais a Deus?

Nenhum comentário :
Cresci rodeada por cristãos que defendiam o conservadorismo, outros que defendiam a espiritualidade, e outros ainda, que afirmavam que Deus quer apenas o nosso coração. Os conservadores pregavam que o caráter é o fator mais importante e que a espiritualidade é algo inconstante. Já os “espirituais”, focavam muito nos dons e na manifestação do Espírito Santo, enquanto que o caráter, era deixado um pouco ou completamente de lado. Os que enfatizavam o coração, em geral, ignoravam todo o resto e pregavam uma vida bastante liberal, mas com Cristo fazendo parte dela, chamando os demais de “religiosos”.
Com o tempo, foram surgindo novas ondas e maneiras diferentes de interpretar o que Deus espera de nós. Algo que percebi, foi que sempre que algo novo surgia, os primeiros discursos simplesmente criticavam os métodos de todos os anteriores, como se apenas este novo estivesse correto e sendo aprovado por Deus.
Com exceção de alguns extremos que se apresentavam, como a teologia da prosperidade, a maior parte dos métodos e estratégias que os ministérios utilizavam, me pareciam bastante convincentes ao apresentarem na Palavra, os textos que defendiam as suas ideias, crenças e costumes.
Não vou dizer que eu não era uma pessoa crítica. Contudo, minha intenção ao observar tudo isso, não era estabelecer quem estava certo e quem estava errado. Meu propósito era aprender diversas posições diferentes, com o intuito de encontrar um equilíbrio diante de tudo o que Deus revelava às pessoas; tal que, me auxiliasse a saber como deveria conduzir a minha própria vida.
Em diversos momentos, admito que fiquei confusa e sem saber o que deveria pensar. O que costumava fazer, era observar na prática, quais os ensinos que realmente tinham aplicabilidade para a vida diária, e não apenas conceitos distantes para serem usados na igreja. Portanto, observava como era a vida das pessoas no meio familiar e no meio social, para conseguir identificar qual “filosofia” eu deveria seguir.
Meu conflito e meu desejo, era saber de qual lado Deus estava, se Deus estava de algum lado e de outros não. Todos os métodos tinham seus lados positivos e negativos. Alguns conservadores ignoravam completamente a atuação do Espírito Santo e obedeciam a Palavra pela sua própria capacidade humana, tornando-se autossuficientes. Muitos “espirituais” que conheci, viviam apenas da manifestação dos dons; contudo, na vida pessoal, não desfrutavam de nada daquilo. E muitos daqueles que afirmavam ter o coração nas mãos de Deus, viviam escravos do pecado, o que era contraditório.
Conheci poucas pessoas que eu pudesse olhar e desejar – eu quero viver assim. O estilo de vida que mais me agradava e que parecia ser mais constante, era o dos conservadores. No entanto, com o tempo, comecei a perceber que eu precisava do Espirito Santo, não bastava eu simplesmente obedecer princípios e fazer as coisas do meu jeito. Faltava algo a mais no meu interior, e eu sabia que essa falta se tratava da necessidade do Espírito Santo para me suprir e conduzir, de maneira real e pessoal.
Portanto, ocorreram algumas situações na minha vida que me desestabilizaram completamente. Perdi o total controle e passei a ser conduzida nessa jornada para poder cumprir o propósito que Deus tinha. Neste momento, aquilo que as pessoas pensavam e ensinavam já não era mais suficiente. Eu precisava aprender a me relacionar com Deus diretamente e não apenas ter pessoas intermediando e me ensinando.
Minha mente e minha razão entraram em uma completa confusão. Todas as verdades que eu tinha, pensando sempre que eram os pensamentos de Deus a respeito de tudo, foram sendo confrontadas até que minha xícara ficou vazia. Eu não tinha certeza de mais nada, exceto dos princípios imutáveis e literais da Palavra.
No meio disso tudo, perguntei a Deus o que Ele queria de mim. No que eu deveria acreditar? O que eu deveria seguir? O que Ele aprovava ou não? Qual era o pensamento Dele diante disso tudo? Em qual lado Ele estava?
 Uma das coisas que Ele me ensinou, foi que todos estamos em um processo, em uma jornada espiritual. Isso não quer dizer que uns estejam certos e outros errados, tampouco que Ele esteja com alguns e com outros não. Ele está nas pessoas e não em métodos ou filosofias. Isso significa que uma igreja pode ter várias heresias, e pessoas lá dentro podem ter uma relação profunda com Deus. Ele vai se revelando e ensinando, de acordo com a maturidade que temos para aceitar e compreender, bem como, disposição para se submeter àquilo que Ele tem para revelar. Entretanto, grande parte das pessoas, se conforma a viver em um lugar confortável da jornada, e por isso, podem permanecer estagnadas durante toda a vida.
Quanto ao pensamento conservador, o foco na espiritualidade ou apenas no coração, Deus começou a chamar a minha atenção para diversos homens na Bíblia que ofereceram um altar para Ele. Ele me ensinou que o altar é o modelo que nos deixou, e com isso, me levou a compreender o que Ele espera de mim.
Do que um altar era constituído? De pedras (caráter e fundamentos), de um sacrifício puro (coração) e de fogo para queimar (Espírito Santo). Ou seja, nenhum destes conceitos está errado, cada um deles é uma parte do que Deus espera. É comum ouvirmos críticas de cada tipo de “filosofia” em relação às demais, contudo, não quer dizer que Deus aprova uma ou outra. Ele quer as pessoas.
Não muito tempo atrás, minha vovó, que tem mais de oitenta anos, perguntou-me se uso chapa (dentadura), pois achou que os meus dentes estavam bem alinhados. Obviamente, com vinte e poucos anos de idade, não estaria usando dentadura. No entanto, como ela tem certa limitação de memória, e na época dela não existiam aparelhos para corrigir os dentes, na sua mente, a única explicação que havia para os meus dentes estarem alinhados, era o fato de eu usar chapa. E esse mesmo fato ocorre com muitas pessoas. Como o conhecimento ou experiência de vida se limitam à certa realidade ou época, elas não conseguem enxergar ou cogitar que Deus possa agir ou pensar de maneira diferente do que elas podem compreender ou aceitar. Como resultado disso, existem muitos conflitos, principalmente entre líderes cristãos, para expressar as opiniões e críticas de uns em relações aos outros.
Existe uma diferença imensa entre aquilo que Deus fala e aquilo que podemos interpretar, e estabelecer como padrão. Isso ocorre como resultado de todas as influências que operam sobre as nossas vidas. Cada um de nós, é criado em um meio, sofre influências de todo o tipo e cria conceitos com base nas próprias experiências. Isso explica a convicção que muitas pessoas têm diante de tantas heresias criadas. Cada um de nós costuma ter certeza de que tudo o que pensamos é o que Deus pensa.
Com o tempo, conforme amadurecemos, percebemos que muitos conceitos que criamos, são fruto da nossa limitação e interpretação humana, diante daquilo que o Espírito Santo está nos mostrando. E coisas que considerávamos inegociáveis, deixam de ser tão relevantes. Hoje, ainda sou bastante jovem, e tenho certeza de que daqui alguns anos, olharei para trás, e muitas das minhas perspectivas terão sofrido alterações.
O que Deus deseja é o nosso coração completamente voltado para Ele, para que o Espírito Santo tenha liberdade de avivar o nosso espírito, e assim, o nosso caráter venha a ser transformado à imagem e semelhança do Pai. Pela nossa força, não somos capazes de viver como Cristo, podemos até parecer por fora, mas por dentro, Deus sabe o que nos motiva. A nossa natureza humana não tem conserto, no entanto, através do Espírito, assumimos a natureza de Cristo e nos tornamos seres espirituais que manifestam o amor de Deus.
Ser espiritual não se trata de termos dons, pois os dons pertencem ao Espírito; servem para o Reino e não para o uso pessoal. Tampouco se trata de ter sensações ou emoções que proporcionam paz e alegria passageiras. Ser espiritual é colocar a carne e o ego no altar, deixar o fogo do Espírito queimá-los, ao ponto de a nossa vida não ser mais conduzida pela nossa capacidade humana, e sim pelo Espírito Santo, o único capaz de realizar a vontade do Pai.
Pela sua misericórdia, Deus trouxe entendimento daquilo que Ele espera da minha parte, para poder me proporcionar a vida que Ele planejou desde o princípio. Não bastava eu ter só caráter e dar um bom testemunho, não bastava eu apenas entregar o meu coração, e não bastava o Espírito Santo se mover nos dons, sem a minha submissão na vida pessoal; Ele queria e quer tudo.
Deus deseja nos proporcionar uma vida interior plena, para que ela seja manifesta no exterior. Nossas ações precisam externar que Cristo vive em nós; todavia, Ele precisa estar de verdade e ser suficiente. Não podemos ser como Cristo agindo pela nossa própria força, independentes Dele, atuando como Cristo. Ele deseja que sejamos dependentes e obedientes; e somente desta forma, a vontade do Pai se cumpre ao invés da nossa própria vontade.


Nenhum comentário :

Postar um comentário